Ter esperança. É um sintoma de todos os que estão gravemente contagiados pela vida. Ter sonhos, claros horizontes e dias preenchidos são outros sintomas deste grupo de pacientes que acolhem a sua existência mas batalham por um futuro ainda melhor.
No mesmo tom podia passar-se, por exemplo, na rua de Santa Catarina. Um jovem músico toca guitarra e canta canções a troco de algumas moedas que os transeuntes vão deixando no seu saco. Durante o dia canta músicas conhecidas a troco de euros, no início da noite canta os seus originais, a troco de cêntimos. Uma rapariga aproxima-se, curiosa e trava conhecimento. Rapidamente descobre que o sentimento que dá força ao guitarrista para cantar, provém de um amor não esquecido. Fica a saber também que este trabalha numa loja que repara aspiradores. Que coincidência, a rapariga tem um aspirador em casa estragado.
Está construído o argumento de um filme que qualquer realizador de Hollywood transformaria numa vulgar comédia romântica “boy meets girl”. Mas o realizador deste filme não é americano (os realizadores americanos que me perdoem, que até gosto de muitos deles). John Carney é irlandês e conduz este filme de uma forma tudo menos vulgar. Para começar, os dois actores principais são músicos. Markéta é imigrante checa em Dublin, tal como a personagem que interpreta. Glen é irlandês e pertence a uma conhecida banda irlandesa - “The Frames”.
No mesmo tom fala-nos de esperança. Esperança de um cantor de rua que conserta aspiradores em assinar um contrato discográfico. De uma emigrante checa na Irlanda conseguir melhorar a sua vida de forma a sustentar a família. De um pai ver para o filho um futuro diferente.
Se o desenrolar do filme nos parece tão natural, isso é porque realmente ele é. Os dois actores principais praticamente estão a interpretar-se a si próprios. São os compositores das canções que servem de tapete ao caminhar da história, personagens de um conto de amor que canta e encanta e percorre as ruas de uma Dublin cheia de vida(s) e sonhos.
Este filme independente ganhou o Prémio do Público no festival de cinema de Sundance, numa espontânea ovação em pé.
Foi ainda um discurso de esperança, aquele que Markéta Irglová fez na cerimónia dos Óscares da Academia de Hollywood de 2008, para agradecer o prémio de Melhor Canção Original. A tradução pode muito bem ser esta:
“(…) Este prémio é muito importante, não apenas para nós, mas para todos os músicos e artistas independentes que passam a maior parte do tempo a lutar. E pelo facto de estarmos aqui hoje e podermos segurar neste Óscar, provamos que, por muito longe que cheguem os nossos sonhos, é possível. Sabem, este é também para os que se atrevem a sonhar e nunca desistem. Esta canção foi escrita numa perspectiva de esperança e é a esperança que, no final do dia, nos liga, independentemente das diferenças. (…)”
A esperança não se deve guardar. Deve ser partilhada com quantos a aceitem através da música, da oração, do saber ouvir, do saber estar, de um convite, de um desafio, de tampinhas, de uma caminhada… O que importa é o coração e o ritmo com que ele bate.
No mesmo tom podia passar-se, por exemplo, na rua de Santa Catarina. Um jovem músico toca guitarra e canta canções a troco de algumas moedas que os transeuntes vão deixando no seu saco. Durante o dia canta músicas conhecidas a troco de euros, no início da noite canta os seus originais, a troco de cêntimos. Uma rapariga aproxima-se, curiosa e trava conhecimento. Rapidamente descobre que o sentimento que dá força ao guitarrista para cantar, provém de um amor não esquecido. Fica a saber também que este trabalha numa loja que repara aspiradores. Que coincidência, a rapariga tem um aspirador em casa estragado.
Está construído o argumento de um filme que qualquer realizador de Hollywood transformaria numa vulgar comédia romântica “boy meets girl”. Mas o realizador deste filme não é americano (os realizadores americanos que me perdoem, que até gosto de muitos deles). John Carney é irlandês e conduz este filme de uma forma tudo menos vulgar. Para começar, os dois actores principais são músicos. Markéta é imigrante checa em Dublin, tal como a personagem que interpreta. Glen é irlandês e pertence a uma conhecida banda irlandesa - “The Frames”.
No mesmo tom fala-nos de esperança. Esperança de um cantor de rua que conserta aspiradores em assinar um contrato discográfico. De uma emigrante checa na Irlanda conseguir melhorar a sua vida de forma a sustentar a família. De um pai ver para o filho um futuro diferente.
Se o desenrolar do filme nos parece tão natural, isso é porque realmente ele é. Os dois actores principais praticamente estão a interpretar-se a si próprios. São os compositores das canções que servem de tapete ao caminhar da história, personagens de um conto de amor que canta e encanta e percorre as ruas de uma Dublin cheia de vida(s) e sonhos.
Este filme independente ganhou o Prémio do Público no festival de cinema de Sundance, numa espontânea ovação em pé.
Foi ainda um discurso de esperança, aquele que Markéta Irglová fez na cerimónia dos Óscares da Academia de Hollywood de 2008, para agradecer o prémio de Melhor Canção Original. A tradução pode muito bem ser esta:
“(…) Este prémio é muito importante, não apenas para nós, mas para todos os músicos e artistas independentes que passam a maior parte do tempo a lutar. E pelo facto de estarmos aqui hoje e podermos segurar neste Óscar, provamos que, por muito longe que cheguem os nossos sonhos, é possível. Sabem, este é também para os que se atrevem a sonhar e nunca desistem. Esta canção foi escrita numa perspectiva de esperança e é a esperança que, no final do dia, nos liga, independentemente das diferenças. (…)”
A esperança não se deve guardar. Deve ser partilhada com quantos a aceitem através da música, da oração, do saber ouvir, do saber estar, de um convite, de um desafio, de tampinhas, de uma caminhada… O que importa é o coração e o ritmo com que ele bate.