domingo, 6 de setembro de 2009

Penelope

Dizia John Powell, no seu “Porque tenho medo de te dizer quem sou?”, que todos temos medo da rejeição. Temos receio que as pessoas não gostem de nós se souberem como somos realmente.
Ao longo do livro, à custa de exemplos como só ele sabe dar e de um raciocínio à prova de contestação, mostra-nos que há maneiras de confrontarmos os nossos receios, há alturas em que podemos e devemos ser honestos e verdadeiros, pois só dessa forma os outros nos aceitam como somos. Penélope é um pequeno filme que faz passar exactamente a mesma mensagem, mas de uma forma leve e em jeito de moderno conto de fadas.

Então a história reza o seguinte:

Há muitos anos, uma criada da família Wilhern engravidou do filho do patrão. Este, no entanto, apesar de ser essa a sua inicial intenção, não se casou com ela. Pertenciam a classes sociais muito diferentes. A rapariga suicidou-se e a sua mãe, que era bruxa, amaldiçoou as filhas da família Wilhern: a partir desse dia, elas nasceriam com feições de porco. Esta maldição só poderia ser quebrada se elas encontrassem o amor de alguém semelhante.
Após várias sortudas gerações nasce Penélope e a maldição confirma-se.
Diferente e escondida do mundo resta-lhe apenas encontrar um noivo que a queira de entre os inúmeros pretendentes de famílias ricas que a mãe vai arranjando.

Penélope é simples, engraçado e leve como um final de dia em que conseguimos cumprir tudo o que tínhamos para fazer. Não é nem pretende ser um filme de bilheteiras e procura apenas passar uma tautologia fundamental: são as nossas diferenças que nos destacam dos outros. É claro que, não ser diferente é ser normal e ser normal é agradável. Mas será que é suficiente?
No caso de Penélope é o seu nariz que a confina fisicamente e limita socialmente. É ele que, numa primeira fase, a isola de todo um mundo que ansiosamente deseja integrar. No entanto, é através dele que Penélope se torna conhecida e adorada por todos. O que é que muda ao longo deste caminho? Não é com certeza o seu nariz e sim a sua atitude interior perante a sua própria imagem e a sua forma de estar perante os outros. Penélope descobre que não adianta fugir de si própria.
Claro que todos temos o(s) nosso(s) nariz(es). E claro que não o(s) mostramos a todo o mundo. Ficaríamos sem pretendentes… Ou será que não?
Se a nossa auto-estima seguir a estrada de John Powell e o nosso coração acompanhar a história de Penélope, se calhar somos capazes de perceber que somos realmente diferentes e isso não é vergonha nenhuma... que me desculpem os normais.

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