quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

People in Order (e outros)

Inspirado pelo interregno natalício e porque, na teoria, se passaram dois meses desde o último filme do mês, o teor do corrente será um pouco diferente.
Iniciei esta coluna com o compromisso de deixar de fora grandes produções e filmes muito (demasiado) badalados. Este mês o meu compromisso talvez tenha sido um pouco levado ao exagero mas, também, é um mês especial.
É o mês em que passa a euforia do Natal e dos Reis (ou Sábios, se preferirem), em que pensamos um pouco mais pequeno, olhamos para aquele(s) presente(s) que ficou lá no cantinho, que compramos mas ainda não entregamos, e nos damos conta que não compreendemos muito bem para onde foi o Subsídio de Natal (isto para os que (ainda) o recebem). Deu-me, portanto, para pensar curtinho.
Independentemente de achar que uma longa-metragem envolve um trabalho colossal e meritório, é nas curtas-metragens que às vezes se encontram autênticas pérolas que nos fazem pensar e não nos roubam tempo.
Foram três os filmes que escolhi para este mês. Apesar de muito diferentes, todos se baseiam num tema comum: juntar pessoas.

O primeiro filme chama-se “People in Order”. Não tem legendas em português, mas, também, não precisa. Uma tradução mais à letra poderia ser: Pessoas por Ordem.
Para esta pequena película de 3 minutos os realizadores Lenka Clayton e James Price apenas precisaram de um tambor e… 100 actores. É na simplicidade criativa do filme que encontro uma sensação de familiaridade pura e compreensão perante a evolução inevitável de uma vida humana. São 100 takes em que cada interveniente, com idade compreendia entre menos de um a cem anos é convidado a dizer a sua idade e bater no tambor. A filmagem é montada por ordem etária e faz-nos pensar que é mesmo verdade: cada um de nós deve viver de acordo com o bater do seu próprio ritmo…

O segundo filme é um vídeo-clip do grupo de música japonês “Sour”. Enquanto vão pensando “onde é que este tipo vai buscar estas coisas” a explicação é rápida. “Hibi no Neiro”, na tradução possível significa “o tom de cada dia”. A letra da canção fala da importância de descobrirmos quais são as nossas cores e a nossa voz neste mundo. Para isso, o grupo juntou 25 fãs em todo o mundo e gravou as imagens exclusivamente com webcams. O orçamento oficial deste vídeo foi de zero ienes.
Quando nas minhas aulas de Ciências abordo a importância da cooperação entre seres vivos, utilizo como exemplo este expoente de cooperação, ainda para mais num país em que a tendência natural é para uma competição natural e exacerbada motivada pela pressão dos resultados e do espaço disponível.

Um dia na cidade (A Day in the City) é mágico. É impossível não nos sentirmos identificados com as inseguranças naturais de Takeshi, um jovem apaixonado que procura ganhar coragem para abrir o coração a Yuki. Uma banda sonora genial e uma narrativa descomplicada fazem desta história de amor um autêntico doce. São quatro minutos e meio realizados por Paul Wie que ganharam um lugar no meu coração…

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