A nossa memória é uma capacidade engraçada. Supostamente cabe lá tudo, pois o saber não ocupa lugar. A falta dela serve de justificação quando nos esquecemos de algo que, na realidade, não queríamos recordar. O seu desenvolvimento serve de arma de arremesso quando pretendemos atingir alguém.
A nossa memória é selectiva. Isto provavelmente significará que, muitas vezes, não nos permite reter informação que era importante e noutras vezes, retém informação que não nos serve para absolutamente nada.
Por exemplo, estou agora a lembrar-me que as florestas tropicais estão a desaparecer continuamente à taxa de um campo de futebol por minuto. O que é que isto interessa? Neste momento, absolutamente nada. Irá um dia esta informação ser útil? Provavelmente. E nessa altura, também provavelmente, não me irei recordar dela.
No entanto, a nossa memória não permite apenas guardar informações. Ela pode guardar pessoas. Se não fosse esse o caso, não faria sentido utilizar expressões como “fazei isto em memória de mim”.
Este mês, a VIDA é o tema que norteia a minha crónica. Isto porque entendo que nenhuma vida faz sentido se não ficar marcada na memória de alguém. Acredito profundamente que podemos medir o significado das nossas vidas pela força com que nos marcamos na memória dos outros.
O Despertar da Mente é um dos filmes estranhos mais bonitos que já vi. Na sua essência parte de uma ideia tão simples quanto inconcretizável: e se fosse possível apagar pessoas da nossa memória?
No entanto o Dr. Howard Mierzwiak desenvolveu uma técnica experimental que permite literalmente apagar da memória todas as recordações que temos de alguém que queiramos esquecer. Desta maneira, de acordo com a sua teoria, é possível verdadeiramente “recomeçar do zero”.
E tal como a teoria, o Despertar da Mente começa duas vezes e termina como começa. Confusos? Esse é o objectivo. Não só o meu, mas também o do realizador e argumentista, Michel Gondry. Simplificando…
Joel conhece Clementine. Ambos encontram um no outro algo único e especial. Apaixonam-se. Conhecem a história? Costuma ser aqui que acabam os contos de fadas. Na vida real já sabemos o que se segue. Se o casal não souber apaixonar-se todos os dias, viver cada dia como o último e uma série de outras verdades que vivemos ou já ouvimos falar, a relação cai na banalidade. E em vez de apreciarmos e nos rirmos com aqueles pequenos pormenores que fazem do outro um ser humano imperfeito, a vida a dois passa a ser irritante. É neste ponto que O Despertar da Mente começa.
Joel descobre que Clementine o apagou da memória e num impulso emotivo, decide apagá-la também. É assim que o filme entra dentro das recordações que Joel tem dela. Os maus momentos, os bons momentos. O calor da paixão e o gelo da banalização de uma relação. As emoções de cada partilha, pintadas pela constante mudança de cor do cabelo de Clementine. Mas cada memória apagada é uma memória recordada. E a cada memória que recorda fá-lo compreender que Clementine é demasiado importante. E Joel compreende que vai perder Clementine para sempre.
Afirmei anteriormente que a ideia de esquecer totalmente alguém é simples mas inconcretizável É simples porque o ser humano faz isso constantemente. Quer estejamos a pensar nos pais ou avós que depositamos no lar, ou no filho que amamos de tal forma que temos que lhe oferecer uma, duas, três consolas para apaziguar o nosso sentimento de culpa, ou o médico de cujas palavras só nos lembramos a caminho do hospital depois de anos e anos de excessos. É inconcretizável porque não é um fenómeno consciente. Será?
A nossa memória é selectiva. Isto provavelmente significará que, muitas vezes, não nos permite reter informação que era importante e noutras vezes, retém informação que não nos serve para absolutamente nada.
Por exemplo, estou agora a lembrar-me que as florestas tropicais estão a desaparecer continuamente à taxa de um campo de futebol por minuto. O que é que isto interessa? Neste momento, absolutamente nada. Irá um dia esta informação ser útil? Provavelmente. E nessa altura, também provavelmente, não me irei recordar dela.
No entanto, a nossa memória não permite apenas guardar informações. Ela pode guardar pessoas. Se não fosse esse o caso, não faria sentido utilizar expressões como “fazei isto em memória de mim”.
Este mês, a VIDA é o tema que norteia a minha crónica. Isto porque entendo que nenhuma vida faz sentido se não ficar marcada na memória de alguém. Acredito profundamente que podemos medir o significado das nossas vidas pela força com que nos marcamos na memória dos outros.
O Despertar da Mente é um dos filmes estranhos mais bonitos que já vi. Na sua essência parte de uma ideia tão simples quanto inconcretizável: e se fosse possível apagar pessoas da nossa memória?
No entanto o Dr. Howard Mierzwiak desenvolveu uma técnica experimental que permite literalmente apagar da memória todas as recordações que temos de alguém que queiramos esquecer. Desta maneira, de acordo com a sua teoria, é possível verdadeiramente “recomeçar do zero”.
E tal como a teoria, o Despertar da Mente começa duas vezes e termina como começa. Confusos? Esse é o objectivo. Não só o meu, mas também o do realizador e argumentista, Michel Gondry. Simplificando…
Joel conhece Clementine. Ambos encontram um no outro algo único e especial. Apaixonam-se. Conhecem a história? Costuma ser aqui que acabam os contos de fadas. Na vida real já sabemos o que se segue. Se o casal não souber apaixonar-se todos os dias, viver cada dia como o último e uma série de outras verdades que vivemos ou já ouvimos falar, a relação cai na banalidade. E em vez de apreciarmos e nos rirmos com aqueles pequenos pormenores que fazem do outro um ser humano imperfeito, a vida a dois passa a ser irritante. É neste ponto que O Despertar da Mente começa.
Joel descobre que Clementine o apagou da memória e num impulso emotivo, decide apagá-la também. É assim que o filme entra dentro das recordações que Joel tem dela. Os maus momentos, os bons momentos. O calor da paixão e o gelo da banalização de uma relação. As emoções de cada partilha, pintadas pela constante mudança de cor do cabelo de Clementine. Mas cada memória apagada é uma memória recordada. E a cada memória que recorda fá-lo compreender que Clementine é demasiado importante. E Joel compreende que vai perder Clementine para sempre.
Afirmei anteriormente que a ideia de esquecer totalmente alguém é simples mas inconcretizável É simples porque o ser humano faz isso constantemente. Quer estejamos a pensar nos pais ou avós que depositamos no lar, ou no filho que amamos de tal forma que temos que lhe oferecer uma, duas, três consolas para apaziguar o nosso sentimento de culpa, ou o médico de cujas palavras só nos lembramos a caminho do hospital depois de anos e anos de excessos. É inconcretizável porque não é um fenómeno consciente. Será?