O desafio que me foi lançado de escrever uma crónica mensal acerca de um filme implicou também, para mim, um critério pessoal. Não faria qualquer sentido utilizar exemplos sobejamente conhecidos do público, uma vez que o mecanismo de merchandising e marketing poderoso que nos entra pelos olhos dentro ultrapassa qualquer influência de opinião que nos possam dar. Por esta razão impus a mim mesmo a análise de filmes que possam ter passado despercebidos, ao lado da enchente comercial, mas de qualidade inegável.
O filme deste mês chama-se “Céu de Outubro”.
No dia 4 de Outubro de 1957 a União Soviética lançou para o espaço o primeiro satélite artificial. Chamaram-lhe Sputnik e permaneceu em órbita durante aproximadamente 6 meses. Esta esfera, com um peso semelhante a um ser humano, foi um indiscutível marco na história da corrida ao espaço. Foi também um marco na vida de Homer Hickam, um adolescente que vivia numa remota cidade mineira dos Estados Unidos.
O enredo conta-nos a história verídica de um projecto que mudou a vida de Homer e três amigos: a construção de foguetões. Contra todas as adversidades e com o apoio de poucos, os quatro amigos vão mostrando que, com perseverança, mesmo os objectivos mais difíceis podem ser atingidos. Desenganem-se os que pensarem que se trata de mais um filme-fantasia, tipo “Disney aos domingos à tarde”. As dificuldades e o esforço são bem reais nesta história e as personagens não encaixam como luvas nas mãos que guiam este argumento. O retrato de uma cidade mineira em esgotamento de recursos. As dificuldades em incutir objectivos maiores em crianças, adolescentes e jovens que sabem que provavelmente nunca serão outra coisa que não mineiros, tal como foram os seus pais e os pais deles. A força de uma geração que não conhece o “mundo lá fora” e que prepara os filhos para o mesmo destino. Tudo isto são realidades que não são estranhas ao nosso país nem, de certeza, à história da nossa família. Tudo isto monta o cenário da vida de Homer e seus amigos e ao longo do filme percebemos que a frase promotora do filme faz sentido. Há mesmo sonhos que conseguem iluminar todo o céu…
Há duas pontes importantes que se podem estabelecer entre este filme e o nosso mundo. A primeira está intimamente relacionada com a velha máxima de “perseguir um sonho”. Quantas vezes a opinião sensata e razoável de amigos ou família nos impediu de “dar com o nariz no chão”? Pois… Mas pode também ser que em outras situações sentimos que nos faltou a experiência para poder crescer. No nosso projecto de vida, o nosso foguetão, tem que haver experiências. Não adianta nada tentarmos proteger os nossos ao extremo pois corremos o risco de não os prepararmos para a vida.
A segunda, muito mais difícil de explicar, são os nossos modelos. Quem são as referências da minha vida? Há sempre pessoas que, na nossa vida, temos tendência a admirar e, porque não, copiar. Faz, no entanto, parte da nossa vida e do nosso crescimento sabermos transformar as características que valorizamos nos nossos “heróis” em cópias activas e em permanente evolução. Só assim não corremos o risco de perder a nossa identidade e passar a viver uma vida que não é a nossa. A relação que se vai estabelecendo entre Homer e o seu pai é, na minha opinião, a verdadeira pérola deste filme. O combustível que faz mover toda a história.
E eu? E nós? Será que temos a chama para concretizar alguns dos nossos sonhos e iluminar, não só o nosso “céu”, mas também o “céu” dos outros?
O filme deste mês chama-se “Céu de Outubro”.
No dia 4 de Outubro de 1957 a União Soviética lançou para o espaço o primeiro satélite artificial. Chamaram-lhe Sputnik e permaneceu em órbita durante aproximadamente 6 meses. Esta esfera, com um peso semelhante a um ser humano, foi um indiscutível marco na história da corrida ao espaço. Foi também um marco na vida de Homer Hickam, um adolescente que vivia numa remota cidade mineira dos Estados Unidos.
O enredo conta-nos a história verídica de um projecto que mudou a vida de Homer e três amigos: a construção de foguetões. Contra todas as adversidades e com o apoio de poucos, os quatro amigos vão mostrando que, com perseverança, mesmo os objectivos mais difíceis podem ser atingidos. Desenganem-se os que pensarem que se trata de mais um filme-fantasia, tipo “Disney aos domingos à tarde”. As dificuldades e o esforço são bem reais nesta história e as personagens não encaixam como luvas nas mãos que guiam este argumento. O retrato de uma cidade mineira em esgotamento de recursos. As dificuldades em incutir objectivos maiores em crianças, adolescentes e jovens que sabem que provavelmente nunca serão outra coisa que não mineiros, tal como foram os seus pais e os pais deles. A força de uma geração que não conhece o “mundo lá fora” e que prepara os filhos para o mesmo destino. Tudo isto são realidades que não são estranhas ao nosso país nem, de certeza, à história da nossa família. Tudo isto monta o cenário da vida de Homer e seus amigos e ao longo do filme percebemos que a frase promotora do filme faz sentido. Há mesmo sonhos que conseguem iluminar todo o céu…
Há duas pontes importantes que se podem estabelecer entre este filme e o nosso mundo. A primeira está intimamente relacionada com a velha máxima de “perseguir um sonho”. Quantas vezes a opinião sensata e razoável de amigos ou família nos impediu de “dar com o nariz no chão”? Pois… Mas pode também ser que em outras situações sentimos que nos faltou a experiência para poder crescer. No nosso projecto de vida, o nosso foguetão, tem que haver experiências. Não adianta nada tentarmos proteger os nossos ao extremo pois corremos o risco de não os prepararmos para a vida.
A segunda, muito mais difícil de explicar, são os nossos modelos. Quem são as referências da minha vida? Há sempre pessoas que, na nossa vida, temos tendência a admirar e, porque não, copiar. Faz, no entanto, parte da nossa vida e do nosso crescimento sabermos transformar as características que valorizamos nos nossos “heróis” em cópias activas e em permanente evolução. Só assim não corremos o risco de perder a nossa identidade e passar a viver uma vida que não é a nossa. A relação que se vai estabelecendo entre Homer e o seu pai é, na minha opinião, a verdadeira pérola deste filme. O combustível que faz mover toda a história.
E eu? E nós? Será que temos a chama para concretizar alguns dos nossos sonhos e iluminar, não só o nosso “céu”, mas também o “céu” dos outros?
Não sou responsável pelo que fizeram de mim.
Sou, no entanto, responsável por aquilo que fizer do que fizeram de mim…
Jean-Paul Sartre
Sou, no entanto, responsável por aquilo que fizer do que fizeram de mim…
Jean-Paul Sartre